17 de jul. de 2025
Veja como pagamentos não registrados podem afetar seus direitos trabalhistas
e por que é importante ter atenção à formalização do salário.

Você já ouviu falar em "salário por fora"? Essa é uma prática ainda comum em muitas empresas, especialmente em cidades do interior ou em negócios de pequeno porte. Mas o que realmente significa receber uma parte do salário "por fora"? Isso é permitido? E quais são os riscos para o trabalhador?
Neste artigo, vamos explicar de forma simples o que é essa prática, como ela pode afetar seus direitos e o que fazer se você estiver nessa situação.
📌 O que é “salário por fora”?
Quando falamos em "salário por fora", estamos nos referindo a uma situação em que o trabalhador recebe uma parte do seu salário sem que esse valor seja registrado oficialmente, ou seja, fora da carteira de trabalho e do holerite.
Por exemplo: a pessoa tem carteira assinada com um salário de R$ 1.500, mas, na prática, recebe R$ 2.000 — sendo os R$ 500 pagos em dinheiro, sem nenhum registro.
⚠️ Por que essa prática é um problema?
Embora possa parecer vantajoso no curto prazo (por aumentar a quantia recebida no mês), o salário “por fora” pode trazer sérios prejuízos para o trabalhador a longo prazo. Isso porque os valores não registrados não são considerados no cálculo de diversos direitos, como:
FGTS (Fundo de Garantia)
INSS (Previdência Social)
13º salário
Férias + 1/3
Aviso prévio e verbas rescisórias
Aposentadoria futura
Além disso, o trabalhador perde a segurança jurídica que o registro garante.
💬 Um exemplo prático:
Imagine que João trabalha com carteira assinada recebendo R$ 1.500 oficialmente, mas combina com a empresa de receber R$ 500 a mais “por fora”. Durante o tempo de trabalho, ele recebe R$ 2.000 por mês.
Se for demitido sem justa causa, a empresa pagará os direitos calculando apenas os R$ 1.500. Isso significa que:
O FGTS depositado será menor do que o devido
O valor da multa do FGTS será mais baixo
A média para cálculo do seguro-desemprego será reduzida
E, no futuro, sua aposentadoria também será menor
Mesmo que João tenha realmente recebido os R$ 2.000, na documentação oficial consta apenas R$ 1.500 — e isso é o que “vale” legalmente, salvo se houver provas em contrário.
📚 O que diz a legislação?
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a legislação previdenciária determinam que todo o valor pago ao trabalhador, com habitualidade, deve ser registrado e tributado.
O objetivo disso é garantir proteção ao trabalhador em todas as etapas da relação de trabalho — inclusive na demissão, nos afastamentos por saúde e na aposentadoria.
O pagamento por fora configura, em regra, uma irregularidade trabalhista e previdenciária, podendo ser questionado posteriormente — mas cada situação depende de análise individual.
🧐 Estou nessa situação. O que posso fazer?
Se você está ou esteve nessa situação, o primeiro passo é buscar orientação com um profissional de confiança, que possa analisar o seu caso de forma sigilosa e ética.
Além disso, é importante guardar comprovantes dos valores pagos por fora, como:
Comprovantes bancários
Mensagens (WhatsApp, e-mails)
Testemunhos de colegas
Notas fiscais ou extratos de depósito
Essas informações podem ser úteis caso o trabalhador deseje regularizar a situação, mesmo após o encerramento do contrato.
🤝 Informação é proteção
Muitas vezes, o trabalhador aceita esse tipo de prática por falta de opção ou por medo de perder o emprego. Mas é importante saber que a informalidade pode trazer mais prejuízos do que benefícios a longo prazo.
O ideal é que todo o valor pago pela empresa esteja devidamente registrado na carteira de trabalho e no holerite. Isso garante segurança jurídica e proteção social.
Se você tem dúvidas sobre esse tema, converse com um advogado de sua confiança. Cada caso é único, e apenas uma análise individual pode indicar quais são os seus direitos e quais os caminhos possíveis para lidar com a situação.